quinta-feira, 26 de abril de 2012

A dança é para dois


 

A dança é para dois

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Às vezes, entram em conflito duas visões radicalmente opostas de paquera e relacionamento. O que faço muito: dou em cima, flerto, articulo comentários sacanas, enfio a mão de leve nos lugares errados. O objetivo desses gestos é verificar sua receptividade.

Um comentário sacana, por exemplo, pode ser repelido, desconversado ou recriprocado. Às vezes, a outra pessoa é menos verbal e não sabe responder ao comentário sacana, mas quando eu coloco a mão distraidamente em sua coxa, ela coloca a dela por cima, para que eu não tire, ou coloca a dela em minha coxa. Cada um tem o seu tipo de inteligência. Há quem fale melhor com as mãos.

A ideia é afirmar o meu interesse de forma clara, além da possibilidade de mal-entendidos, e dar ao outro a oportunidade de manifestar seja sua repulsa, seu desinteresse, ou sua atração recíproca. Dependendo da resposta, eu continuo ou desisto.

Outro dia, depois de sair algumas vezes com uma pessoa, eu delicadamente parei de chamá-la pra sair e de aceitar seus convites. Então, ela me colocou contra a parede: por que eu não estava mais saindo com ela, hein?

Pensei em mentir, enrolar, desconversar, mas decidi falar a mais total e precisa verdade:

"Porque você não flerta de volta comigo."


Vejam. Eu não excluo a possibilidade de ela ter estado sinceramente interessada em mim.

Já aconteceu muito na minha vida. Minha paquera-em-potencial me diz:

"Naquela noite, se você tivesse insistido só mais um pouco, eu teria sido sua."


Ao que eu invariavelmente respondo:

"Naquela noite, se você tivesse feito um pouco menos de doce, eu teria sido seu."


Pois a questão é essa. Talvez o outro estivesse a fim de mim também, mas não estou interessado em um parceiro romântico que acha que tenho que fazer o trabalho todo sozinho.

Não me importo de tomar a iniciativa, de manifestar primeiro o interesse, de caminhar em direção ao outro. Levo sempre na esportiva quem sinceramente não está interessado em mim, mas não tenho interesse por aquela pessoa que, apesar de me querer, fica imóvel, como um prêmio a ser conquistado.

Eu dou um passo em sua direção para que você, se tiver interesse, também dê um passo em minha direção.

A dança é sempre para dois.

Quando um não quer, dois não fodem

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